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FELIPE OLIVEIRRA MELLO 

TEXTS

 

God Save The Queen

 

Em 1977 uma música lançada pela banda punk Sex Pistols com o título “God Save The Queen” era um “novo hino” que surgia no mercado fonográfico londrino, e que posteriormente, ganhou o mundo. Esse era o segundo single da banda que teve um importante papel na cultura punk. A música, lançada durante as comemorações dos vinte e cinco anos de ascensão da Rainha Elizabeth II ao trono da Grã-Bretanha, foi recebida pelo público como uma resposta ao hino da Grã Bretanha, e considerado por grande parte da população inglesa como um ataque à Rainha Elizabeth II e à monarquia. Na época a canção foi altamente polêmica, por igualar a monarquia a um "regime fascista" e por dizer que na Inglaterra "não havia futuro".

 

Partindo de uma reflexão sobre essa monarca britânica “MAJESTY: pesquisa sobre uma vida real” é o título da série realizada pelo artista Felipe Oliveira Mello. Os trabalhos partem de imagens coletadas de diversos livros que registram a vida da rainha da Inglaterra Elizabeth II, de seu nascimento em 21 de abril de 1926 até hoje.

 

Essas imagens, em razão da figura retratada e do longo período que elas cobrem, quase um século, se tornam também registros da cultura inglesa, do modo de viver da monarquia e da sociedade que ela representa.

 

Sobre esse arquivo de imagens o artista realiza diversas intervenções. As características de diagramação da origem das imagens são mantidas, margens, respiros, legendas e textos não são apagados. Sobre essas páginas deslocadas de seu contexto são bordados com linhas douradas ou prateadas diferentes tipos de costuras. Algumas estruturam as imagens, colando-as como as páginas de um livro, outras criam padrões, que rebatem o luxo e imponência visual do contexto das imagens.

 

No entanto, todas as obras trazem o rosto de sua protagonista coberto. O artista oculta as feições da Rainha com lacres, daqueles que eram tradicionalmente usados em cartas e documentos oficiais, de cera vermelha. Esses lacres estampam sobre a face de Elizabeth II a imagem da coroa real.

 

A operação de Felipe materializa de certo modo a ocultação que o poder exerce em pessoas públicas e personalidades do universo pop, como a própria rainha acabou se tornando. Apagasse a identidade pessoal, o individuo torna-se imagem de uma instituição, ou até ela mesma a instituição.

 

 

Douglas de Freitas

 

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